Aveleira: Barulhos de um povo em transumância

A 6 de Agosto de 2016, a Branda da Aveleira comemorou 20 anos de um projecto que se vem afirmando na memória dos antepassados que ali faziam vida. O Dia do Brandeiro assinala a cada ano a memória das vivências da transumância, pelas tertúlias, pelo convívio e, pelo segundo ano, com um desfile de carros de bois (vacas) devidamente carregados e puxados por juntas de gado.

Seis carros, puxados por vacas de raça Cachena e Barrosã, fazem-se acompanhar por dezenas de figurantes trajados a rigor, dando uma dimensão sonora e visual ao que foram os tempos do pastoreio.

A propósito dos 20 anos desde o primeiro Dia do Brandeiro, o programa foi alargado para lá da missa e desfile, contando também com cerimónia de homenagem aos mentores e dinamizadores da branda, nomeadamente ao ex-autarca da Câmara Municipal de Melgaço, Rui Solheiro, a José Rodrigues Lima, mentor deste projecto de memórias, e a Ana Paula Xavier, da ADRIMINHO – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho. No momento solene foram ainda recordados José Maria Rodrigues e Justino Alves, que viveram a Branda da Aveleira “com paixão”.

Manoel Batista, presidente da Câmara Municipal de Melgaço, diz que a importância destes actos, desde as tertúlias a toda a composição cénica dos tempos de outrora, são um retrato raro a nível mundial. “É difícil de encontrar noutros pontos do globo. A transumância de pessoas, animais e bens é uma marca muito específica nossa, nesta zona da Peneda, e não é só uma memória, ainda é uma realidade”.

Sem levantar o véu sobre eventuais medidas de valorização daquela branda, Manoel Batista aponta para já alguns dos melhoramentos a serem efectuados no recinto, com a reorganização urbana do espaço e o enterramento de parte da linha de fornecimento de energia desde a Estrada Municipal até a capela da Senhora da Guia e área circundante.

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Num tempo em que a programação do Dia do Brandeiro concilia a vertente mais académica com a recuperação de tradições de impacto popular, José Rodrigues Lima, mentor do evento, continua a reunir com os antigos brandeiros para uma conversa informal sobre as memórias da vida na montanha.

Agostinho Alves, presidente da Junta de Freguesia de Gave, considerou haver uma melhoria constante no programa de actividade e participação popular neste dia, muitos deles “gavenses que vem para recordar aquilo que viveram antes de emigrarem”.

Por sua vez, não faz segredo das sua intenções: “Gostava de um dia conseguir ter uma micro festa do Alvarinho neste dia, com produtos locais. Pode não ser para o ano, mas é um dos projectos que gostaríamos de alcançar”, confessa.

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