Autárquicas 2021: Manoel Batista [PS] Sobre vocação internacional do parque empresarial, planos de urbanização do Peso e Castro Laboreiro e nova relação do concelho com o rio
Desde 2013 na liderança do poder autárquico pelo Partido Socialista, com maiorias garantidas por percentagens na ordem de 60 por cento dos votos (63,07% em 2013 e 59,98 em 2017), Manoel Batista relança a campanha para as autárquicas de 2021 com uma campanha que aposta na continuidade do trabalho.
As listas candidatas à Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia nestas autárquicas de 2021 apresentam ligeiras mudanças na composição. As lideranças mantem-se praticamente as mesmas, com excepção da Junta de Freguesia de Fiães, onde José Luís Douteiro cede a cadeira titular a Joaquim Coelho da Silva e passa para quarto lugar da lista, e na União de Freguesia de Vila e Roussas, com Manuel Fernando Pereira a encabeçar a proposta socialista para o sufrágio de 26 de Setembro. Maria de Fátima Táboas, presidente desta União de Freguesias desde 2013, avança agora em terceiro lugar da lista de Candidatos efectivos à Câmara Municipal de Melgaço.
Ao jornal “A Voz de Melgaço”, Manoel Batista fez um balanço dos últimos oito anos, que diz terem sido pautados por pensamento estratégico, redução da dívida de médio-longo prazo e preparação para a viragem do “Cabo das Tormentas” no sector industrial.
O novo plano promete colocar Melgaço enquanto ponto estratégico no mapa das rotas empresariais europeias, perspectivando transacionar com mais vantagem pela Galiza, através das rotas ferroviárias e marítimas, com mais facilidade do que pelas rotas metropolitanas nacionais. Com um olho na Europa e outro na America Latina.
Zona Empresarial de Alvaredo: “Um dos projectos em cima da mesa tem dimensão europeia”
O autarca recandidato reconheceu a “colaboração das pessoas de Alvaredo” pela articulação conseguida e que terá permitido, até Agosto “fazer escrituras de cerca de 60 por cento das parcelas que estão em causa para esta primeira fase”. Estima ter “até ao final do ano” [2021] escrituradas as 120 parcelas em questão e promete para depois do período de eleições autárquicas novos desenvolvimentos acerca desta implementação de indústria que poderá implicar o arranque da segunda do parque empresarial “muito mais cedo do que imaginávamos”.
“Não quero abrir muito o livro do ponto de vista das pretensões. É verdade que há a presença de gente do sector do vinho, mas há outras de dimensão bem maior. Farei essa constatação a seguir às eleições, mas há neste momento coisas muito interessantes a bulir a volta da zona empresarial que implicará que, muito mais cedo do que imaginávamos, teremos de avançar para uma segunda fase, e já estamos a trabalhar nesse sentido”, atirou.
“Aquilo que está em causa é a pretensão de empresas de áreas completamente distintas daquilo que é o nosso core business no vinho e no turismo, que querem vir para cá e percebem Melgaço como uma oportunidade, contrariamente aquilo que até se propala nas redes sociais”, antecipa o autarca.
“Melgaço tem um posicionamento que poderá ser, do ponto de vista empresarial, muito interessante. Está pertíssimo das redes viárias espanholas, a A52 e do Porto de Vigo. Do ponto de vista da chegada de matérias-primas, algumas da União Europeia, está melhor posicionado que a melhor zona empresarial da zona metropolitana do Porto ou de Braga. Também para o escoamento de produtos para o resto da Europa, estamos numa localização absolutamente privilegiada. E há empresários que estão a descobrir isso”, notou.
Os incentivos fiscais de âmbito nacional poderão ser uma vantagem, mas Manoel Batista frisa que será mesmo o posicionamento a grande vantagem do concelho e das empresas que já terão manifestado interesse.
“Um dos projectos que estão em cima da mesa tem dimensão europeia”, antecipa, frisando a vantagem para os “projectos nacionais com visão europeia, do ponto de vista das matérias-primas, que vem de vários pontos do continente europeu” mas também para a América Latina, “um destino interessante para alguns produtos que virão a ser realizados”.
Renovação da variante da EN 202 e nova ponte internacional para alternativa a Valença na agenda de 2022
Manoel Batista diz ser intenção da autarquia avançar de forma “acelerada” com a questão da rodovia. “Não deixarei os créditos por mãos alheias, embora haja bastante alinhamento nacional e internacional, com a CCDR-N [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte] e a Junta da Galiza”.
O interesse de âmbito transfronteiriço prende-se com o projecto que prevê uma nova ponte internacional que ligará as localidades raianas à Galiza, à PLISAN, a Plataforma Logística existente entre os municípios de Salvaterra do Minho e As Neves e daí à Autoestrada A52 e ao terminal ferroviário.
O projecto já teve actualizações desde 2019, ano em que foi apresentado pela primeira vez a publico, com algumas propostas gerais para o traçado que melhorará a ligação viária desde Melgaço, na variante da EN 202, até Valença, e entra agora na agenda política nacional de projectos a desenvolver “no próximo ano”.
Após o processo de entendimento “entre os municípios de Monção e Melgaço e avançar para Valença”, Manoel Batista afirma que há agora “alinhamento com a Galiza” e os autarcas espanhóis estão “interessadíssimos nesta via”.
“Avançou não só para uma alternativa a Valença que permita que o transito ligeiro, mas sobretudo de pesados, que vai acelerar nas nossas estradas, possa ter outra condição de circulação, que se prolonga até depois de Monção e vai desaguar numa nova ponte internacional e à PLISAN, onde chega neste momento uma ligação directa à A52 e chegará um terminal ferroviário de mercadorias. Isso é essencial para a indústria que instalará cá”, reforçou Manoel Batista, indicando que a CCDR-N “já chamou a si o processo e considerou-o de interesse regional”. “Diria que estes próximos anos serão de por em marcha essa solução”, concluiu o autarca.
Urbanização: Plano de Urbanização do Peso vai transformar rua central em Avenida
Com as obras de intervenção na Casa da Cultura e antiga Escola Primária da Vila no rol de obras “importantes”, Manoel Batista assenta nestas duas recuperações as suas promessas. A ampliação da biblioteca municipal e a construção de um novo auditório complementarão os espaços de fruição cultural, como é o caso do cinema, actualmente sem sala e equipamentos adequados à exibição de filmes nos formatos actuais.
Por sua vez, o edifício da Escola Primária da Vila albergará o Arquivo Muinicipal e o Centro Documental Jean-Loup Passek, “um dos melhores arquivos ibéricos na área do cinema”, realça o autarca.
Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana do Peso, em conclusão “permitirá conciliar o investimento privado com o investimento publico”. A estrada que atravessa o centro urbano do Peso, “desde o Hotel Ranhada até á ultima entrada do parque das Termas” será convertida em Alameda, ganhando um caracter de circulação mais equilibrada entre o transito rodoviário e pedonal.
“Toda essa área deixará de ter o conceito de estrada, para ter o conceito de alameda. Não quer dizer que as pessoas não possam utilizar também para algum trânsito, mas para que, ao estar lá, tenhamos noção de que estamos num espaço urbano requalificado e não numa estrada onde se passa pura e simplesmente”, explicou Manoel Batista.
Em carteira está também o Plano de Pormenor de Reabilitação da Vila de Castro Laboreiro, que prevê qualificar toda a zona urbana criar espaços de estacionamento e redefinir o pesço público como estacionamento, vias de circulação, espaços de lazer, entre outras. O autarca manifestou a intenção, embora ainda sem elaboração de proposta, de requalificar o “espaço icónico de São Gregório, associado às casas de fonteira”.
Resgatadas para a gestão municipal em 2016, o complexo que compõe o conjunto de casas da alfândega e da Guarda Fiscal chegou a ser pensado para um projecto de cariz social, entretanto abandonado.
“Queremos no próximo mandato fazer lá intervenção séria e conseguirmos colocar lá projetos inovadores. Vamos abandonar a matriz social pensada e enveredar por outra diferente”, assumiu o edil.
Rio Minho: Ecovia entre Cevide e Monção promete ‘quebrar o gelo’ na relação “empresarial” entre a população local e o rio
A relação da população local com o Rio Minho, actualmente baseada essencialmente na promoção de actividades de animação turística, do património das pesqueiras e da pesca em geral, poderá ganhar nova configuração, com uma proximidade de maior fruição em lazer, para alem da vertente meramente ‘empresarial’.
A Ecovia “onde Portugal começa”, que ligará o marco Nº1, em Cevide, com os troços do centro urbano da vila e seguirá até aos limites de território do concelho, onde coincidirá com a continuação da ecovia de Monção, será uma concretização a levar a efeito no próximo e último mandato deste ciclo de liderança consecutiva de Manoel Batista.
O edil reconhece que a relação de Melgaço com o rio “é diferente da que Arcos de Valdevez ou Cerveira tem o seu rio, mas nem por isso é pior”.
“Tem-nos permitido um trabalho secular das pesqueiras, da sustentação da economia das famílias durante séculos. Esta marca das pesqueiras como património e como economia familiar é de muito importante. Mais recentemente o rio tornou-se noutro factor económico e de atracção com os desportos ligados ao rio e isso tem sido importante e continuará a ser. Será empresarial, mas também de lazer e turística fundamental. Continuaremos a fazer um trabalho profundo de ligação ao rio com a concretização da ecovia”, observou.
“Esta ecovia, com o desenho que tem previsto, será uma forma de fazer uma ligação entre a via e o rio, mas sobretudo entre as Freguesias ribeirinhas e o rio, porque todas terão uma ligação melhorada ou uma nova ligação à ecovia e ao rio. A partir dai teremos uma nova forma de lidar e com que faça mais parte das nossas vidas enquanto espaço de fruição”, perspectivou ainda.
Foto: Divulgação PS Melgaço