#Es Cura | Nº3: A beleza e o amor da natureza no cair do Outono

O verão está a começar a despedir-se.

Faz parte dos ciclos que aprendemos que regiam o ano, dividido em quatro estações, cada uma com três meses e com uma identidade muito característica e bem definida.

Mas também isso está diferente neste momento.

Notamos já o calor a ficar mais ténue, e os dias a ficar mais curtos. Notam-se as cores mais outonais a substituir o verde que ficou lá atrás, na primavera. O vento conta já outras histórias, trazendo nos seus sopros o cheiro do inverno, que traz também a lareira, os montes brancos e o natal.

Mas as fronteiras abstratas que encontrávamos no século passado, estão agora com livre circulação, e quase que conseguimos ter uma amostra de todos estes ciclos num único dia.

Talvez sejam os sinais do novo tempo, apesar de toda a magnitude da Natureza, que continua expressar-se, alheia a todas as mudanças que somos chamados a fazer: ela continua a ser mestre na arte de nos encantar, e professora na arte de nos ensinar.

E são tantas as lições que nos facilita, se a quisermos escutar!

Começa, desde logo, com a auto-estima que podemos encontrar em cada um dos seus elementos. Com toda a certeza, uma pedra (se tivesse consciência da sua existência) sentiria orgulho por contribuir para a solidez dos montes, e, em simultâneo, teria a humildade de se apresentar como a areia que pisamos na praia e faz de tapete no fundo do mar..

Oferece-nos a abundância, tal é a riqueza que temos à nossa volta e onde todos os seus componentes têm um papel importante, e de valor, para que o Todo prospere (incluindo o Ser Humano).

Ensina-nos a paciência, já que tudo tem o seu tempo e é necessário que cada acção ocorra no tempo certo: uma semente chegará a fruto, sempre e quando passar pelas etapas que lhe correspondem. Depois disso, cumpre a sua função e fecha esse seu ciclo, para recomeçar um outro: «na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma», como bem dizia Antoine Lavoisier, em pleno séc. XVIII. 

E brinda-nos com a sua imensa beleza, onde cada elemento é mais bonito que o outro e com uma tamanha diversidade, que só através de uma explosão intensa de emoção e sentimentos de alegria e plenitude, conseguiremos reconhecer o quão afortunados somos quando nos permitimos desfrutar de tais espetáculos.   

Se isto não é amor, então não sei o que possa ser.

Com carinho,

PaulaAlves