Misericórdia de Melgaço distinguida com o Prémio António Sérgio com o projecto Lado a Lado
Redacção
Projecto Lado a Lado recebeu menção honrosa na categoria Inovação e Sustentabilidade
A CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, criou em 2012 o Prémio Cooperação e Solidariedade António Sérgio, o qual, ao longo de uma década vem homenageando as pessoas e organizações que, em Portugal, mais se tenham distinguido no setor da Economia Social.
Este ano, a Misericórdia de Melgaço esteve entre a curta lista de homenageados, ao receber a menção honrosa na categoria Inovação e Sustentabilidade, com o seu projeto Lado a Lado.
O Provedor Jorge Ribeiro, em declarações à Voz de Melgaço destaca que:
“A CASES é uma organização de referência em Portugal, no setor da economia social. E o Prémio Cooperação e Solidariedade António Sérgio conta já com uma década a distinguir pessoas e organizações que se destacam neste setor. É por isso para nós uma enorme honra ver a nossa instituição e o nosso projeto ser distinguido com a menção honrosa na categoria inovação e sustentabilidade.
Esta categoria visa premiar entidades da Economia Social que se tenham distinguido pelo desenvolvimento de projetos inovadores e sustentáveis para responder a problemas e desafios sociais ou ambientais em Portugal. A Santa Casa da Misericórdia de Melgaço completa no corrente ano, 505 anos desde a sua fundação. Acreditamos que uma longevidade como esta, só é possível alcançar com inovação, sustentabilidade e, principalmente, se servir a comunidade e for de encontro às suas necessidades. Ou seja, se for necessária.
E é isto que este prémio também nos diz. Que a nossa instituição e o trabalho desenvolvido pelas nossas equipas, estão a ser capazes de ir ao encontro das pessoas da nossa comunidade. Indubitavelmente que nos dá ainda mais força para continuarmos e para arriscarmos inovar.
O Lado a Lado é um projeto particularmente dirigido para clientes não integrados em respostas sociais tradicionais e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida da população com mais de 65 anos, promovendo o ageing in place, com novas abordagens.
A equipa, composta por uma psicóloga, uma gerontóloga e uma animadora sociocultural, têm como desafio fazer acompanhamento aos idosos e aos seus familiares no próprio domicílio, contribuindo para um envelhecimento mais saudável e ativo.
O projeto contempla duas vertentes distintas. A primeira consiste no acompanhamento realizado pela equipa técnica multidisciplinar aos idosos, no seu próprio domicílio, como atrás referimos, com o intuito de prolongar a estadia das pessoas nas suas próprias casas, tentado contribuir para evitar ou, pelo menos, retardar a necessidade de institucionalização. Para além das visitas semanais e das sessões realizadas individualmente, a equipa técnica também tem como desafio inserir estas pessoas em atividades da comunidade.
A segunda dinâmica visa segurança pessoal, combinando tecnologia, informática e eletrónica, num sistema denominado Click2Care. Trata-se de uma solução de localização SOS e assistência. Este sistema surge no nosso território através de uma pareceria desenvolvida com a empresa Tecnologias Imaginadas e permite-nos, em caso de necessidade, identificar o utente, respetivos dados e a sua localização, de uma forma automática, conseguindo reduzir o tempo de resposta dos meios de assistência em situações de emergências – basta um simples click.
Com o decorrer do projeto, e de forma a dar resposta às necessidades sentidas no terreno, foi possível integrar novos serviços, nomeadamente a fisioterapia e o apoio a cuidadores informais.
Importa também referir que este é um projeto da comunidade para a comunidade. Desde logo porque surge no seio de uma Misericórdia, que é exatamente isso, uma forma da comunidade se organizar para dar resposta a determinadas carências ou necessidades sociais. Mas também porque este programa – Parcerias Para o Impacto – implicavam que uma parte do projeto fosse financiado por investidores sociais, ou seja, por organizações da comunidade (empresas, autarquias, instituições). Ora o nosso projeto, apesar de nos inserirmos num território com poucas dinâmicas econômicas, contou com o apoio de vinte e uma organizações. Este número de investidores sociais, muito acima do normal, é revelador do grau de envolvimento e de acarinhamento com que a nossa comunidade encarou o projeto.
O projeto arrancou em fevereiro de 2019 e em Portugal, como é de conhecimento geral, a pandemia COVID-19 teve início em março de 2020, o que significa que os últimos dois anos do projeto decorreram enquanto o país e a população lutavam contra a doença e se adaptavam a uma nova realidade.
A equipa técnica foi obrigada a readaptar os serviços prestados e a criar novas estratégias para poder continuar a acompanhar e estar presente o quotidiano dos beneficiários. Todas as atividades de grupo e na comunidade foram suspensas e o acompanhamento semanal individual semanal foi substituído por acompanhamento telefónico.
A equipa criou um Guia de Medidas de Prevenção de Combate à Pandemia, que foi posteriormente distribuído por todos os beneficiários e familiares. Semanalmente, eram criados e distribuídos guias de exercícios de estimulação cognitiva. Criamos ainda um serviço de compras e entrega de bens alimentares, medicação, pagamento de serviços e linha de apoio, que acabamos por abrir a toda a comunidade sem retaguarda familiar.
Foi um período em que se acrescentou desafio ao desafio inicial, mas também um período em que sentimos uma enorme gratidão por podermos estar no terreno a apoiar os nossos idosos”.