DICIONÁRIO CRÓNICO [excerto]: T – Termalismo “Águas quentes e frias, banhos cobertos, banho checo…”

Não é favor nem patrocínio dizer-se que a Câmara Municipal de Melgaço, não tendo assumido a gestão activa das termas de Melgaço, tem feito de tudo para que o complexo e o balneário do Peso possam finalmente dar o tiro de partida para a sustentabilidade e representar rentabilidade para o parceiro privado que efectivamente tem de pôr as coisas a funcionar.

O projecto transfronteiriço da Raia Termal, encerrado em finais de 2021, depois de 400 mil euros investidos, deixou de cara mais lavada o parque, acessos e estruturas que encaminham o viajante para as termas, mas há algo na “identidade” da gestão que não está a gerar empatia dos locais. E é obvio que quando os locais não se identificam, quem visita não vê na valência o prazer do usufruto nem que é algo de valor local, mas antes um captador de verba exterior.

Todas as dificuldades em torno das Termas de Melgaço são já uma odisseia que a autarquia tenta levar por diante e honra lhe seja feita, mas está a colocar-se tanta expectativa no projecto de recuperação do antigo Hotel do Peso quanto se pôs na TVI quando a Cristina Ferreira (quando saiu da SIC a uma sexta-feira como quem vai comprar tabaco e já vem) disse que “Setembro é já amanhã”. E foi o que se viu…

Por mais que o custo de activação do equipamento seja mais elevado do que em qualquer outro circuito termal – afinal são umas termas frias e não terá sido de ânimo leve que a ‘CEO’ da empresa privada da parceria antecedente dizia ter chegando a gastar 8000 euros de gás em quinze dias para manter a temperatura do circuito da piscina e climatização do restante balneário nos meses de Verão – nesta fase inicial de cativação de público não faz sentido que o preço/hora de utilização do circuito seja mais caro do que em circuitos termais vizinhos.

Muito menos que as vantagens para os locais – que até não são más, se efectivamente forem de 30% de desconto em relação aos preços de tabela – sejam anunciadas em Setembro, quase em fim de época termal propriamente dita. Ainda se o Verão tivesse sido cheio…

Pelo menos, que o público utilizador seja esclarecido das diferenças das propriedades termais das águas, sobretudo para aqueles que associam o conceito de termal a águas quentes e a cheirar a enxofre. Estamos certos de que os trabalhadores dos diversos serviços o farão, mas então a campanha para o futuro terá de desmistificar a temperatura ideal da água, para que as diversas páginas de internet de pesquisas de locais turísticos ou de orientação não continuem a ser povoadas com mensagens de utilizadores a queixarem-se de água fria, horários de funcionamento difíceis de encontrar, porta fechada, etc. Até podemos compreender e perspectivar que “em 2023 é que vai ser!”, mas até lá, o melhor era não confundir os possíveis clientes.

Porque com o sucesso das Termas de Melgaço todos temos a ganhar, mas não há duas oportunidades para se criar uma boa primeira impressão.

 

Dicionário Crónico completo na edição impressa de Outubro do jornal “A Voz de Melgaço”